O DISCURSO DA “SUSTENTABILIDADE” NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar os discursos tidos como sustentáveis emitidos por três grandes construtoras responsáveis pela execução, divulgação e comercialização de imóveis certificados. Essas empresas têm difundido uma retórica mercadológica similar, aparentemente ética e sustentável. Entretanto, a prevalência de uma isonomia discursiva “colaborativa” não representa a mitigação dos impactos socioambientais que elas causam. Para dar suporte a esta argumentação, apoiamo-nos em trabalhos que denunciam a formação de ideologias antropocêntricas no âmbito do gerencialismo (KLIKAUER, 2015), do marketing (MONTEIRO et al., 2016) e da sustentabilidade corporativa (MONTIEL, 2008). Uma análise crítica do discurso (ACD) nos permitiu dissecar as formações temáticas amalgamadas numa linguagem financista e persuasiva. Os achados reforçam a manutenção da lógica gerencial originária das bases burocráticas, legitimadas sob uma insipiente ética corporativa, veiculadas pelo marketing funcionalista em discursos explícitos, parciais e encobertos, propícios às investidas capitalistas travestidas por boas ações (SOARES, 2004).