“O MATE AMARGO E O DOCE DE LEITE”: ENTRECRUZANDO AS CULTURAS REGIONAIS, LOCAIS E ORGANIZACIONAIS NOS MERCADOS PÚBLICOS DE PORTO ALEGRE E DE UBERLÂNDIA*
Resumo
O artigo busca evidenciar como as culturas regionais e locais aparecem nas culturas organizacionais nas Bancas dos Mercados Públicos de Porto Alegre e Uberlândia. O estudo de cunho etnográfico foi realizado no período compreendido entre abril e julho de 2007 e concretizou-se por visitas a campo, registradas em diários. As duas bancas pesquisadas, em Porto Alegre e em Uberlândia, têm como ponto de confluência o fato de serem estabelecimentos familiares, cujos proprietários possuem trajetórias de vida marcadas por muito trabalho e abnegação, mas como marca específica, símbolos que revelam ambigüidades. No caso gaúcho, a venda de produtos típicos faz com que sejam construídas representações amistosas, alimentadas através do consumo de uma bebida amarga que no âmbito do simbólico ganha uma representação, doce, carinhosa, manifestada através da cuia que passa de mão em mão e do líquido nela contido, sorvido através de uma única bomba. No caso mineiro, os doces e queijos são vendidos acompanhados de uma prosa amiga e de hospitalidade, embora certa “desconfiança” esteja presente no contexto em questão. Sobre as culturas organizacionais podemos dizer que o amargo do chimarrão gaúcho fica doce pela amizade e o doce de leite mineiro tende a ganhar certo amargor diante da “desconfiança”.
Palavras-chave
Estudos Organizacionais
Gestão & Planejamento (G&P). ISSN ISSN: 2178-8030