ENTRE COESÃO E CONFLITO – COALIZÕES SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E GOVERNANÇA TERRITORIAL NA FRONTEIRA DE EXPANSÃO DA PRODUÇÃO DE EUCALIPTO NO EXTREMO SUL DA BAHIA
Resumo
No Brasil o enfoque territorial tem sido adotado desde a década de 2000, mas sua aplicação ainda é marcada por viés normativo. A vertente latino-americana da abordagem territorial vem buscando jogar luz sobre a relevância das dinâmicas territoriais para compreensão da heterogeneidade dos estilos de desenvolvimento e as decorrências para a coesão social. Esta perspectiva enfatiza, entre outros elementos, o peso das coalizões de forças sociais dominantes na definição das instituições que modulam o acesso a recursos disponíveis e acabam por mediar as formas como o território reage e absorve investimentos externos, públicos ou privados. Este artigo toma como caso de estudo duas arenas de ação, surgidas na primeira década do século XXI nos territórios baianos Costa do Descobrimento e Extremo Sul, para analisar como agentes sociais que disputam objetivos armam novas coalizões para encaminhamento de tensões e direcionamento de elementos endógenos e exógenos à realidade local, cuja síntese se expressa como dinâmica de desenvolvimento. Essas arenas colocam em interação a indústria da celulose – principal vetor de transformações, impulsionando crescimento econômico concentrado – e movimentos sociais e ambientais. As novas instituições engendradas nas arenas, mais do que reprodução unívoca do interesse de algum polo, desvelam avanços e barreiras quanto à promoção da coesão. Por um lado, intencionalmente direcionam ações de governança no sentido da coesão, absorvendo parte das demandas dos atores insurgentes contra o modelo hegemônico. Por outro, as transformações verificadas manifestam os limites impostos por estruturas socioeconômicas formadas historicamente, num processo de longa duração e de reprodução de desigualdades.
Palavras-chave
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .
INDEXAÇÃ0:
Associada