A DINÂMICA URBANA E OS CONFLITOS COM OS TERREIROS DE CANDOMBLÉ: TERREIRO DA CASA BRANCA - ILÊ AXÉ IÁ NASSÔ OCÁ

Resumo

O processo de urbanização e a relação entre os terreiros de candomblé, seus sítios sagrados e a preservação dos mesmos sob a perspectiva da territorialidade, estão diretamente relacionados com às políticas públicas de preservação dos bens materiais e imateriais presentes nos espaços dos Ilês. O objetivo deste trabalho é apresentar e identificar a simbologia da distribuição espacial e territorial do terreiro de candomblé mais antigo da Bahia e do Brasil, ainda em funcionamento, localizado no bairro do Engenho Velho da Federação, na cidade de Salvador, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artistico e Nacional (IPHAN) em 1986, Terreiro da Casa Branca - Ilê Axé Iyá Nassô Oká, e a sua relação com a dinâmica urbana da cidade de Salvador. A metodologia adotada apoia-se na revisão bibliográfica, pesquisa iconográfica e coleta de dados sobre o tema, visando possibilitar maior compreensão, esclarecer alguns conceitos e significados do espaço geográfico do terreiro. O artigo apresenta os espaços e os pontos de energia presentes na cidade, utilizados durante os cultos e rituais do candomblé, na constituição de uma maneira específica simbólica de relacionamento com a natureza e os ambientes destinados aos cultos. A constante ameaça ao sítio sagrado dos terreiros pelos interesses econômicos e territoriais presentes na cidade fragilizam a salvaguarda e a preservação destes locais de grande importância para a história e desenvolvimento da cidade. O trabalho evidência a necessidade de estudos e ações sobre o planejamento urbano e regional em relação ao território sagrado dos terreiros, de políticas públicas específicas que contribuam com a preservação dos bens materiais e imateriais destes espaços.